segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Resumo da apresentação de Renata Negrão:

Em Sentido común, teología de la historia e historicismo en Vico, Tessitore afirma a intenção de, em De Antiquissima, se construir uma metafísica digna da debilidade humana. Para Vico, a metafísica nasce de um defeito da mente, de uma limitação; deve, portanto, atuar de forma coerente a tal condição, admitindo que os limites da razão são os mesmos da história -- só é possível conhecer o que se fez. Deus sabe tudo porque em si contêm os elementos que compõem o todo, por tê-los criado. A tentativa de superação do abismo entre o homem e Deus é possível através do princípio do verum ipsum factum: se conhece o que se faz. O homem faz a história; pode, portanto, conhecer a partir dela.

Aproveito pra deixar uma questão com que fiquei, talvez por estar acostumada demais com a filosofia que costumamos ver, tão diferente da viquiana:
o conhecimento, para vico, pressupõe um objeto, certo?, no caso a história. só que a história não é a coisa, é uma narrativa da coisa...

*Vamos discutir no GPV na sexta-feira!
SN

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

HÉLIO SCHWARTSMAN
Nova ciência da moral


SÃO PAULO - A notícia publicada ontem em Ciência de que bebês de 15 meses já dispõem de um senso de justiça rudimentar acrescenta mais um tijolinho à disposição dos pesquisadores que tentam fundar a nova ciência da moral.
Uma das ideias centrais dessa protodisciplina é a de que a faculdade moral é um instinto. A analogia que cabe é com a teoria da gramática universal de Noam Chomsky. Da mesma forma que nossos cérebros são equipados com um hardware linguístico, que nos habilita a aprender praticamente por osmose o idioma ao qual somos expostos na primeira infância, nossa cachola também já viria com uma moral de fábrica.
Não se trata, por certo, de um código penal, uma lista pronta e acabada de todas as ofensas possíveis e as respectivas punições, mas de um conjunto de princípios elementares, comuns a toda a humanidade, como as noções de justiça, pureza e autoridade. Elas se combinariam umas com as outras e também com elementos culturais para formar toda a exuberância de padrões morais observáveis nos mais diversos grupos.
A maioria dos estudiosos da moral para por aqui -o que já é um projeto para gerações. A exceção é o neurocientista Sam Harris, que, em "The Moral Landscape" (a paisagem da moralidade), sustenta que é possível, ao menos em princípio, usar a ciência para decidir quais valores morais são corretos e quais são errados.
O critério de verdade escolhido por Harris, na melhor tradição utilitarista, é o bem-estar. Assim, práticas morais que contribuem para aumentar a felicidade das pessoas, como tratar bem o próximo, são validadas pela nova ciência. Já hábitos que fazem crescer a miséria humana, como castigos corporais, tornam-se uma chaga a eliminar.
Com esse engenhoso mecanismo, Harris consegue, de um só golpe, atacar seus adversários à esquerda (multiculturalismo, relativismo) e à direita (religião, tradicionalismo).

helio@uol.com.br


Esta questão já foi posta pelos pensadores desde o séc. XVII, quiçá antes, de forma mais sistemática. Infelizmente poucos leram Giambattista Vico que é o maior especialista em “mente primigênia”, e na Scienza Nuova, ele já fala numa motivação interior que permite aos homens de buscarem um certo bem comum para sobreviverem, produto da necessidade e utilidade, este elemento chamado de ‘conato’, seria uma direção positiva que propiciaria aos homens primigênios de se agruparem e acasalarem num movimento de limites e regras que foram amergindo naturalmente, ou se quisermos, instintivamente. Portanto, ao nível básico da mente humana, os dispositivos que estão em formação são acionados pela necessidade e utilidade, embora o que há de inato seria essa estrutura subjacente que aflora por estes influxos necessários, permitindo à mente primigênia ou básica como a dos infantes de estabelecer uma taxonomia para amadurecer e sobreviver. Não há nenhum conceito de moralidade formado, isto vem com o costume, o que há, sim, é uma disposição conativa, cujo fim é a sobrevivência, isto é, regair a tudo aquilo que de alguma forma nos provoca aversão, porque foge à taxonomia prazeirosa.
Sergio Nunes

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Sergio Nunes Interessante colocação de Rubem Alves acerca da visão de Deus, o que é dito é certo, como certo também é, a visão antropogênica de Vico, pois Deus nos legou sua Palavra, bem como escolheu o seu povo sem desprezar os gentios. Confira!

RUBEM ALVESSobre Deus



Nossos deuses são nossos desejos projetados até os confins do universo. Há tantos deuses quanto rostos


TRÊS HOMENS olham para o horizonte. O sol se anuncia colorindo de abóbora e sangue umas poucas nuvens escuras. Um deles diz: "Vejo, no meio das nuvens vermelhas, uma casa. Na janela, um vulto acena para mim." O segundo homem diz: "Vejo, no meio das nuvens vermelhas, uma casa. Mas não há nenhum vulto acenando para mim. A casa está vazia, é desabitada." O terceiro homem diz: "Não vejo vulto, não vejo casa. Vejo as nuvens abóbora e sangue... E como são belas! Sua beleza me enche de alegria!"
Essa é uma parábola metafísica. O primeiro homem vê, no meio das nuvens, um vulto, quem sabe o senhor do universo. Se eu gritar, ele me ouvirá. Para isso há as orações: gritos que pronunciam o Nome Sagrado, à espera de uma resposta. O segundo vê a casa, mas a casa está casa vazia, não tem morador. É inútil gritar, porque não haverá resposta. É o ateu... E como dói viver num universo que não ouve os gritos dos homens... O terceiro, que não vê nem casa e nem vulto, vê apenas a beleza -que nome lhe dar? Acho que o nome seria "poeta".
A beleza é o Deus dos poetas. Quem disse isso foi a poeta Helena Kolody: "Rezam meus olhos quando contemplo a beleza. A beleza é a sombra de Deus no mundo."
Borges relata que, segundo o panteísta irlandês Scotus Erigena, a Sagrada Escritura contém uma infinidade de sentidos. Por isso, ele a comparou à plumagem irisada de um pavão. Séculos depois, um cabalista espanhol disse que Deus fez a Escritura para cada um dos homens de Israel. Daí por que, de acordo com ele, existem tantas Bíblias quantos leitores da Bíblia. Cada leitor vê na Bíblia a imagem do seu próprio rosto.
O teólogo Ludwig Feuerbach disse a mesma coisa de forma poética: "Se as plantas tivessem olhos, gosto e capacidade de julgar, cada planta diria que a sua flor é a mais bonita." Os deuses das flores são flores. Os deuses das lagartas são lagartas. Os deuses dos cordeiros são cordeiros. Os deuses dos lobos são lobos. Nossos deuses são nossos desejos projetados até os confins do universo. Dize-me como é o teu Deus e eu te direi quem és...
Mosaicos são obras de arte. São feitos com cacos. Os cacos, em si, não têm beleza alguma. Mas, se um artista os juntar segundo uma visão de beleza, eles se transformam numa obra de arte. As Escrituras Sagradas são um livro cheio de cacos. Nelas se encontram poemas, histórias, mitos, pitadas de sabedoria, relatos de acontecimentos portentosos, textos eróticos, matanças, parábolas... Ao ler as Escrituras, comportamo-nos como um artista que seleciona cacos para construir um mosaico. Cada religião é um mosaico, um jeito de ajuntar os cacos.
Como no caso do labirinto literário de Borges cujos cacos eram peças de um quebra-cabeças que, juntos, formavam o seu rosto, também o mosaico que formamos com os cacos dos textos sagrados tem a forma do nosso rosto. Há tantos deuses quanto rostos há. Assim, quando alguém pronuncia o nome "Deus" há de se perguntar: "Qual?"

sábado, 1 de outubro de 2011

Rabiscos em caverna francesa são obra de crianças, dizem cientistas

Mais um indício de sinais primigênios impressos nas paredes de caverna. O inusitado segundo o estudo desenvolvido fica por conta da idade dos infantes. Os hieroglifos sustentam a tese viquiana de que a escrita surge com a fala inarticulada e plena de fantasia.


Universidade de Cambridge/Divulgação
Imagens pré-históricas rabiscadas por crianças na caverna dos Cem Mamutes, na França

DE SÃO PAULO

As imagens pré-históricas de mamutes e outros animais na caverna conhecida como Cem Mamutes, em Rouffignac, na França, foram feitas por crianças pequenas. Estudos recentes mostram que os autores das imagens tinham entre 3 anos e 7 anos.
Os rabiscos, que têm aproximadamente 13 mil anos, foram feitos com os dedos, formando sulcos nas paredes da caverna de 8 km.
Pelas características desses sulcos, pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, agora afirmam ter conseguido identificar a idade e o sexo dos jovens artistas da caverna francesa.
"Os sulcos feitos por crianças aparecem em todas as partes da caverna", disse a arqueóloga Jess Cooney, da Universidade de Cambridge, que comandou as pesquisas ao lado de Leslie Van Gelder, da Universidade Walden (EUA), em declaração à rede BBC.
Algumas marcas eram tão específicas que permitiram identificar que vários desenhos foram feitos pelas mesmas crianças.
De acordo com os cientistas, a artista mais prolífica tinha provavelmente uns cinco anos de idade. Eles têm quase certeza de que se tratava de uma menina.

RAZÃO DESCONHECIDA
Apesar das novas descobertas, os cientistas dizem não ter muita certeza da razão que levou os pequenos a arranhar as paredes.
A arqueóloga chefe do trabalho diz que os desenhos podem ser parte de "rituais de iniciação" ou "simplesmente algo pra ocupar o tempo durante um dia chuvoso".
Além de estarem em cavernas da França, imagens pré-históricas feitas com sulcos criados pelos dedos também já foram encontradas em cavernas na Espanha, na Nova Guiné e na Austrália.
Esses locais costumam atrair milhares de visitantes todos os anos.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

BROTOCÊNCIA FANTÁSTICA

Autoria de Levy Hull

 Este está demais. Corrobora o fantástico viquiano como primordialidade da criação que emerge virulenta e se expressa marcante entre cores que se fundem e separam-se em marcas traspassadas pelo tempo recôndito que germina lentamente num átimo de tempo sem recuo e sem destino, uma explosiva emergência casualmente displicente e arrebatadora. Uma paixão robusta numa emoção avassaladora.

domingo, 25 de setembro de 2011

Sexta-feira dia 23/08, refletimos sobre a questão da criatividade em Vico em contraste com o cartesianismo e, a importância da retórica como disciplina para desenvolver a inventividade. Percebemos a importância de um curso de retórica para aguçar a originalidade entre os alunos. Proposta tentadora que requer planejamento para viabilizar.

Interessante artigo do Blikstein para problematização do GPV sobre o modelo de ensino a que estamos submetido. Vico tem muito a contribuir nessa discussão. Vamos opinar!

PAULO BLIKSTEIN
Uma nova concepção para ensinar exatas



O erro é acreditar que a ciência e a matemática são pré-requisitos para a invenção; na verdade, são simultâneas a ela

Nos Estados Unidos, dos 3,7 milhões que entraram na primeira série em 1984, só 20% declararam interesse em carreiras em ciências exatas na sétima série, e 4,5% se formaram nessa área. Agora, o governo americano percebeu o óbvio e tenta remediá-lo: a escola afasta os jovens das carreiras científicas.
O ensino de ciências exatas nos EUA, como no Brasil, é uma longa preparação para a graduação nessas áreas, ignorando que só 5% vão cursá-las. Fazemos dele uma aborrecida sequência de tópicos sem utilidade ou função cognitiva.
Os alunos nunca fazem ciência ou engenharia de verdade, nunca se aventuram em descobrir algo novo ou resolver um problema real; aprendem só o "básico", que, em grande parte, ignora os avanços científicos dos últimos 50 anos. O resultado é que 80% não se identificam com as ciências exatas já na sétima série -época em que se forma a identidade intelectual da criança.
Um novo tipo de currículo ao mesmo tempo beneficiaria os que não serão engenheiros, já que terão uma experiência positiva com as exatas e não serão adultos com medo de matemática, e aumentaria o número de crianças interessadas em carreiras nos campos da ciência e da engenharia.
O erro é achar que a ciência e a matemática são pré-requisitos para a invenção; na verdade, histórica e cognitivamente, essas disciplinas são simultâneas à invenção. A história da ciência mostra que ela não avança no vácuo, mas sim para resolver problemas reais. É esse o motor cognitivo e motivacional que move o inventor, o cientista e, é claro, o aluno.
Além disso, mesmo um "mau" aluno em matemática pode ser um ótimo engenheiro. A engenharia está cada vez mais próxima do design e mais longe do modelo calculista. Os computadores fazem a "matemática" da engenharia, deixando para o profissional o trabalho criativo. Os currículos mais avançados do mundo estão substituindo habilidades aritméticas e memorização por modelagem matemática e resolução de problemas complexos.
Nossas escolas têm quadras para as aulas de educação física e bibliotecas para estimular a leitura, mas não instituímos um lugar para ensinar invenção, tecnologia e criatividade. É preciso um espaço apropriado para tanto.
Em Stanford, criei o projeto FabLab@School: são laboratórios de invenção nas escolas, espaços permanentes, com professores especialmente treinados e materiais didáticos especializados.
Esses laboratórios contam com equipamentos de última geração, com a ajuda dos quais alunos criam projetos de engenharia e teorias científicas, colaborando com colegas espalhados pelo planeta. São lugares projetados para atrair todos os alunos, não exclusivamente os que já nutrem um pendor pelas ciências exatas.
O que escolhemos ensinar nas escolas é só uma parte do conhecimento existente. Teoricamente, ensina-se o que a sociedade acha mais importante, mas o que de fato sobrevive no currículo é o que é fácil de ser medido com provas e o que funciona com aula expositiva.
As vítimas são a ciência e a tecnologia, que só são devidamente aprendidas quando os alunos trabalham em projetos, fora da aula tradicional.
Se não percebermos que o que precisamos ensinar no século 21 não se encaixa nesse modelo, ficaremos prisioneiros dos conteúdos que são ensináveis dentro dos limites dele -como algoritmos de aritmética hoje tão úteis como saber ler um relógio de sol.
Sem um lugar e alguns cursos especiais para a invenção e a criatividade, não se desenvolve o entusiasmo pela engenharia. E sem ele, há pouca esperança de que tenhamos mais engenheiros no século 21.

PAULO BLIKSTEIN é professor na Universidade Stanford.

sábado, 17 de setembro de 2011

Reunião do dia 16

Na última sexta-feira (16) o GPV continuou com a leitura e análise do texto "Sentido comúm, teología de la historia e historicismo in Giambattista Vico", de Fulvio Tessitore, detendo-se principalmente na reflexão acerca do conceito viquiano de "autorictas" e sua utilização no estabelecimento das sociedades civis.
Estiveram presentes os membros do GPV Almir, Philipe Alves, Wirlley e Renata Negrão, além de Felipe e Raphaela como ouvintes. Lembrando que as reuniões ocorrem todas as sexta-feiras às 18:00hs no Bloco Db na UFPa.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ATIVIDADES DO GPV

INFORMAMOS QUE O GPV REÚNE-SE REGULARMENTE AS 18H DE SEXTA-FEIRA NO PV. D NA UFPA. O GRUPO É ABERTO A QUEM DESEJA PARTICIPAR PARA AUFERIR CH DAS 200H, BEM COMO FOCAR SEU TCC NESTE PENSADOR.
Criamos no Face Book um Grupo Fechado chamado DISPUTATIO para debatermos questões pertinentes a academia e aos membros do GPV devem postar neste site seus trabalhos já realizados. Estímulo para divulgarmos nossas atividades e nossa produção em torno do pensador napolitano Giambattista Vico.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ilustramos a aula de Tópicos de Filosofia da História (TFH), com a canto de Hesíodo e de Homero, para demonstar a linguagem dos deuses e heróica plena de metáforas, sinédoques e metonímias e sua relação umbilical com a natureza, aonde os aedos ou poetas naturais cantavam os feitos, aventuras e a cosmogonia dos deuses. Esse parêntese deu-se para demarcar o que Vico discorreu na Scienza Nuova acerca da Sabedoria Poética, o entranhamento da mente primigênia no desamparo da Imaginação e a necessidade para criar e inventar para sobreviver. Em seguida começamos a trabalhar o texto de Jose Sevilla sobre o conceito de "história ideal eterna" como meta-história que assegura a base epistêmica da ciência da história.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Na sexta pp. dia 09, o GPV iniciou suas atividades com a análise do texto "Sentido comúm, teología de la historia e historicismo in Giambattista Vico", de Fulvio Tessitore que compõe a programação para o semestre de vários outros textos que serão elencados a medida que formos trabalhando. Nesse primeiro momento a questão central deu-se em torno do conceito "verum factum" e da apropriação das ideias de Vico pela filosofia germânica.
Estiveram presentes todos os membros do GPV, além da nova participante Renata Negrão e dois ouvintes, Felipe e Raphaela.
O texto em castelhano foi compartilhado entre todos, fazendo a leitura, o Prof. Sergio Nunes, Philipe Alves e Almir Lima.
Informamos ainda que o GPV é livre para quem quiser participar, seu foco é o pensador napolitano e sua abrangência direciona-se para trabalhos acadêmicos: comunicações em eventos, TCC's e auferimento de CH.

quinta-feira, 17 de março de 2011

CRONOGRAMA

Informamos aos membros do GPV, reunião sexta-feira, dia 18/03 as 16h no Pv. D para definirmos o Plano e a Programação deste semestre.
Prof. Sergio Nunes

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Mudança de Território

Rafael Bordalo, um de nossos membros do GPV, transferiu-se para o Rio de Janeiro na tentativa de conquistar uma vaga no curso de Filosofia da UFRJ, mas pretende continuar em nosso grupo de pesquisa. Que tenha sucesso na sua empreitada e prossiga no seu objetivo, especializar-se em Vico.